As Mulheres da Elite
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Ainda na época do império, as mulheres da elite eram anfitriãs impecáveis nos banquetes e saraus que as famílias promoviam, mas seus papéis iam bem além: tinham influência nas decisões políticas de seus maridos, articulavam-se entre si e participavam ativamente da vida em sociedade, inclusive nos movimentos a favor da abolição da escravatura, apesar da vertente tradicional da história, escrita por homens, os primeiros que tiveram acesso aos bancos escolares, apresentarem-nas como “pacatas, recatadas e do lar”.
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Não que esse papel não tivesse figurado como projeto de sociedade ideal, primeiramente propagado pela igreja e, na sequência, reafirmado pela ciência, que considerava as mulheres incapazes para determinados aprendizados, como a matemática – referindo-se que as mesmas precisavam tão somente aprender as operações básicas que lhes permitissem executar a contento as “prendas” domésticas, atribuindo-lhes, quando mães, o importante papel civilizatório na criação das novas gerações.
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É certo que meninas eram treinadas para assumirem tal missão e, desde muito cedo, aprendiam as atividades vinculadas à casa e ao cuidado dos irmãos menores. Quando moças, eram incentivadas a tolerarem o papel permissivo destinado aos homens, em todos os aspectos de suas vidas, ao ponto de ser publicado, no Jornal O Correio Mercantil, em 1880, uma oração para a felicidade conjugal de moças solteiras que almejavam o casamento dos sonhos:
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“Meu Deus, fazei com que em breve me case! E se casar, fazei com que não seja enganada! E se for enganada, fazei com que nunca o saiba! E, se vier a saber, fazei com que não me incomode com isso”!