Urnas Funerárias
2021 - Atual - Ciclo 4
A relação com a morte é um importante aspecto organizacional e cultural de diferentes comunidades humanas que nos dizem sobre a relação desses grupos com o divino.
Os indígenas de diversas etnias reservam várias práticas e ritos diante da morte, como o uso de urnas funerárias para o sepultamento de seus mortos, que eram envolvidos com tecido e colocados em posição fetal no interior das vasilhas cerâmicas, cuja finalidade era de preservar o corpo e diminuir o peso da terra sobre o morto.
O enterramento fora de urnas também era praticado: abria-se uma cova redonda e cobria-se suas paredes, ou o corpo em posição fetal, com galhos, permanecendo a preocupação em proteger o cadáver do ente querido.
Utilizavam uma cuia ou uma vasilha cerâmica na cabeça do ente falecido, esta tampa também poderia ser utilizada na urna para impedir que a alma saísse da sepultura e retornasse dos mortos, causando perturbações aos vivos.
As urnas cerâmicas poderiam ser confeccionadas para uso funerário exclusivo, sendo mais comum a utilização de vasilhas em atividades cotidianas, como cozinhar, armazenar, servir alimentos e bebidas. Eram usadas como urnas funerárias yapepó (panela), cambuchí açá (talha para armazenar e fermentar bebidas) e cambuchí irirú (vasilha para armazenar água). Também eram colocadas outras vasilhas cerâmicas junto ao sepultamento com alimentos e bebidas, para que o morto pudesse comer ou para ser oferecido a seres sobrenaturais.
Outra prática que compunha os rituais funerários era fazer e acender uma fogueira, ato carregado de simbolismo para vários povos indígenas. A fogueira era acendida próxima à sepultura com o propósito de guiar o morto em sua jornada e afastar espíritos que pudessem vir a prejudicar os vivos.
As urnas funerárias aqui apresentadas foram encontradas em escavações arqueológicas no município de Estrela (RS) e possuem cerca de 2000 anos.